Filmes
Nome: El Rey Pasmado
Nom: El Rey Pasmado – Espanha / França / Portugal, 1992 (V.E.)
Tempo: 110 minutos
Tipo: Maiores de 16 anos
Real.: Imanol Urib
Música: José Nieato
Fotog.: Hans Burman
Com: Gabino Diego, Juan diego, Maria Barranco, Laura del Sol, Fernando Fernan – Gomez, Eusebio Poncela e Joaquim de Almeida
Assunto: Os severos costumes impostos pela inquisição impedem o Rei de Espanha , Filipe IV, de manter um relacionamento intimo com a Rainha . Com o apoio de alguns o Rei procura rodear esta dificil situação
NOTAS:
Mário Jorge Torres
Público, Fim de Semana, 23/07/93
Muito se tem insistido no facto de o filme de Uribe ser fundamentalmente uma comédia de alcova, conjunto de variações sobre um “fait-divers” que a novela de Ballester detectou na iconografia da época, quase à revelia de uma concepção séria e cientifica da história. Ora, o mais fascinante deste filme inteligente e divertido consiste precisamente no engenho posto na encenação de uma época, revelando-nos, por detrás dos artifícios da comédia de costumes, o mais profundo do imaginário ibérico nos tempos da monarquia dual (excelente é o modo como se contornam os limites e as exigências da co-produção, integrando Joaquim de Almeida e dando perfeita espessura à sua personagem) e da mundividência barroca.
Se a focalização central é moderna, sublinhando com humor o lado pícaro e erótico das situações, existe o cuidado de reconstituir não apenas cenários e figurinos, mas sobretudo atitudes e modos de entender o teatro do mundo num século XVII, pleno de contrastes e de contradições. Para quem teme o sistema de co-produção europeia, visando grandes espectáculos populares, como inevitável nivelador de culturas e descaracterizador das cinematografias nacionais, aqui fica mais um exemplo a demonstrar o contrário.
Boletim nº. 1857 do
Secretariado do Cinema e Audovisuais
Adaptando a “Crónica del Rey Pasmado” de Ballester, Uribe retoma um pouco o estilo de humor dos primeiros tempos de Almodovar. Irreverente e sarcástico, procurando uma crítica social ao mesmo tempo dura e recheada de huimor, Uribe atinge plenamente os seus objectivos. O espírito critico de Uribe incide sobre os costumes da época e, predominantemente sobre a Inquisição. Não é a Igreja num todo que o filme visa, uma vez que se realça a acção de uma contra-corrente, mais preocupada com a Fé e o bem dos homens que com os complicados meandros da justiça terrena, que perseguia impiedosamente todas as formas de heresia, real ou aparente. Há, no entanto que não se deixar colher pelas primeiras impressões, para que da obra se tirem as conclusões adequadas, e ter em conta o impacto de uma sequência que se pretende sacrílega, embora inserida no contexto, Joaquim de Almeida no papel de um sacerdote jesuíta tem um trabalho de bom nível, mas são sobretudo os principais papeis que são desempenhados de uma forma brilhante, dando corpo a um conjunto de elevada qualidade. É excelente a reconstituição da época e o guarda-roupa, bem como os diálogos, muito bem conjugados com a acção. Também a fotografia e a iluminação são dignas de referência.